Se

- 22:00 ❞


Se sou raio,
que eu saiba iluminar
a minha estrada
nesse breu
que eu saiba golpear
mesmo no escuro
me emprestem a retina
de minhas ancestrais
que enxergaram fé
quando tudo era medo.

Se carrego relâmpagos
nas veias,
que eu saiba
que o que corre em mim
tem brilho
tem jeito
tem potência
eu sou capaz de fazer
a terra tremer.

Se sou vento,
que eu passe pelos vãos
dos seus dedos
que nada possa
me segurar
me limitar
me fazer
menos presente
vendaval não pede licença
pra escancarar as janelas
e o coração.

Se sou brisa leve,
que eu saiba me dividir
com aqueles que sorriem
ao me ver existindo
que eu saiba sustentar o amor
dentro do peito
dentro do abraço de quem me diz
que resistiremos
que lutaremos
que seremos
assim seja.

Se sou furacão,
então eu posso destruir
antes de ser destruída
e se preciso for
tiro absolutamente tudo do lugar
e defino como vai ser a partir
de agora.

Se sou sagrada,
que eu me benza com folhas
e búzios e velas e mãos entrelaçadas
quando dizem eparrei
a força que me invade
não me permite
o silêncio.

Se sou fogo,
que eu queime
antes de arder
quem sabe ser cinza e ser chama
sabe sobreviver.

Se sou nuvem carregada,
que eu me despeje e desague
e que mesmo que eu termine
chuva de granizo
nasci oceano
sou mais inconstante que o mundo
sou onde tudo começa e termina
sou a história que eu quiser contar
sou revide antes mesmo que alguém
tente me atacar
sou estrondo de trovão
meus pés descalços tocam o chão
estremeço
mas sou profunda demais
pra acabar.

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