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A gente era feliz, cara. A gente era feliz demais. Mas vocĂȘ sempre estraga tudo. Sempre. E essa nĂŁo Ă© mais uma de minhas tentativas equivocadas de te passar a culpa. VocĂȘ acabou com tudo o que tĂnhamos por puro egoĂsmo, por medo de pĂŽr em risco toda essa tua organização estĂșpida, essa tua comodidade imbecil. E eu nĂŁo sei por que diabos esperei algo diferente vindo de vocĂȘ quando todos aqueles teus amigos idiotas me avisavam da bomba relĂłgio que vocĂȘ estava fazendo de nĂłs dois. Francamente, eu esperei que eles estivessem sendo pessimistas. E sabe o que Ă© mais ridĂculo nisso tudo? Ă que vocĂȘ sempre deixou claro que nĂŁo tinha capacidade para se jogar. Que o teu medo da queda era infinitamente superior do que o prazer que eu te proporcionava e ainda assim, eu insisti. LamentĂĄvel, a gente se perdeu por tĂŁo pouco. Espero que vocĂȘ aprenda a deixar de lado esse teu amor imensurĂĄvel pela liberdade e dĂȘ mais atenção a quem te quer por perto. Porque eu te quis, inteirinho, todinho pra mim. E eu sinto falta da gente. De quando vocĂȘ ia me buscar no inglĂȘs pra ir chupar sorvete e de como o seu cabelo ficava bonito debaixo do sol. Sinto falta de como vocĂȘ tinha pavor do meu pai, da sua mĂŁo enorme e do seu quarto desajeitado. Tenho saudade de como as mĂșsicas da Taylor Swift se encaixavam em toda a minha vida bagunçada e de como vocĂȘ ficava charmoso tocando violĂŁo. NĂŁo que isso venha a significar que eu quero tudo o que tĂnhamos de volta, atĂ© porque, estou melhor sem vocĂȘ. Juro, juradinho, eu estou bem. Deixei de lado a montanha-russa que nos acompanhava e optei pela comodidade, aquela que vocĂȘ gostava tanto. A mesma que nos fez virar pĂł. Eu amei vocĂȘ, mesmo quando a tua vontade de sumir era maior do que a de ficar, quando a tua voz implorava por distĂąncia. Eu te amei quando vocĂȘ nĂŁo me ligou naquele maldito sĂĄbado Ă noite para dar sinal de vida, amei quando vocĂȘ pedia baixinho para que a gente nĂŁo fosse tĂŁo fundo. Eu amei vocĂȘ, garoto. Mas cansei. Quando vocĂȘ for homem o suficiente para assumir as responsabilidades e tiver coragem para se jogar, nĂŁo importando a altura, vocĂȘ me avisa. Amar um moleque imaturo Ă© cometer suicĂdio.