Na Minha, Na Sua

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Você mente feito um cafajeste. Você engana, omite, disfarça exatamente iguais esses idiotas que minhas amigas chamam de namorado. Tu diz que vai ligar no dia seguinte, mas sempre arranja uma desculpa. Você só pega na minha mão quando o meu pai não tá olhando e só diz que me quer quando tem certeza que eu não tô procurando outro alguém. Você age feito um garotinho mimado e acha que tem bandeira branca pra ir e vir quando quiser. Aparece na minha casa quando sente vontade e quando eu não tô disponível se sente no direito de ficar insatisfeito. Contraria tudo o que digo, adora provar que é auto-suficiente, briga igual um imbecil quando está bêbado e vai a vinte mil festas quando vê que eu fiz planos para o fim de semana e não te incluí neles. Mas é pra mim que tu sempre volta. Quando teus pais brigam feito duas crianças é pra minha casa que tu se refugia. Sou eu que te aguento quando ninguém mais te suporta, que afaga teu ego, que fica por você. É o número do meu celular que tá na tua discagem rápida. É pra mim que tu vem correndo pedir desculpa, que tu liga de madrugada. Eu que te faço entrar escondido no carro do teu pai pra vir me ver, que te impeço de viajar pra ficar comigo, que te faço contradizer todas as tuas verdades. Continue fazendo essa pose de cara-que-não-tá-apaixonado, indo para essas festas imundas e pegando essas garotas estúpidas só pra não me dar o gostinho de te ter só pra mim. Continue com esse teu desapego superficial, essa tua teimosia, esse teu desleixo. Mas eu sei e tu sabe também que a gente se pertence. De um jeito meio errado e contraditório, mas ainda assim, é por mim que você sempre, sempre fica. Que você dá um jeito de voltar, de gastar o tempo, de consertar os erros. E é por nós dois que eu sempre vou regressar. Esse teu jeito idiota não engana ninguém, eu sei que tu tá na minha. E só pra não te deixar sozinho nessa: Eu também tô, irrevogavelmente, na tua.

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