Solidão

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É engraçado. Por que, quem em sã consciência se interessaria por mim? Não acho que nasci pra isso. Digo, amar. A minha praia é a solidão. Ninguém me serve e não me sinto o encaixe de ninguém. Sou como aquela roupa que você compra sem experimentar e quando chega em casa, o número é maior ou menor, tanto faz. E você acaba jogando fora, como qualquer outra coisa na sua vida que ocupa um espaço desnecessário. Eu vejo casais que se olham com um brilho gritante no fundo dos olhos e logo penso que ninguém jamais olharia pra mim daquele jeito. Eu ouço histórias de loucuras de amor feitas pra alguém e tenho certeza de que ninguém faria algo parecido por mim. Há algo na minha essência que me impede de ser uma pessoa interessante, misteriosa, atraente ou algo parecido. Existe uma barreira gigantesca entre o meu lado e o lado onde se encontra o resto do mundo. E ninguém, absolutamente ninguém, tem o interesse de atravessá-la. Em compensação, a solidão, a angústia e o vazio a atravessam com facilidade e me tomam o peito. O amor nunca bate na minha porta, nunca sorri na minha direção, nunca me chama pra tomar um café. Cheguei a conclusão, depois de todos esses anos brigando com a vida e exigindo uma história digna de filme romântico, que o meu lugar é, sempre foi e, em todos os casos, sempre será no meu quarto, intacto e sozinho. Não existe um só ouvido paciente pra me escutar, tampouco um colo quente pra me abrigar. Eu sou como um objeto insignificante no meio de uma casa abandonada. As paredes são as minhas únicas e fiéis companhias. O problema é que paredes não preenchem um coração oco, não aquecem os pés no inverno e não abraçam forte no escuro. Confesso, não sei amar. Não sei me doar, não sei me render e também não faço ideia de como me entregar. O problema é que o mundo não me dá a oportunidade de aprender.

- Capitule & Querido John

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