![[14207.jpg]](https://i.ibb.co/LhsSKrkW/14207.jpg)
Eu te amo apesar dos sonetos melancólicos que escrevo dizendo o contrário, trago em meu peito o seu sorriso e o gosto amargo de seu batom vermelho, te amo mesmo quando tudo parece impossível, mesmo quando o relógio começa a andar ao contrário e dizer que o tempo acabou. Te amo como Cazuza amou e cantou. Eu preciso dizer que te amo, meu bem, te ganhar ou perder sem engano. Vou ao cemitério para cantar nossa canção, nossa marcha fúnebre disfarçada de marcha nupcial. Eu ouço os corvos se exaltando quando eu passo e você fica para trás e eu sofro por isso. Eu como do fruto proibido quando você me oferece, mesmo sabendo que é errado, porque o amor cega o meu entendimento. Eu te amo, meu bem, mesmo quando a solidão me pega de jeito e me tira para uma dança, mesmo quando Iemanjá te leva nos mares de sua alegria. Te amo. Você pode achar que não, mas enquanto você fica na lua eu te procuro como uma estrela cadente e te encontro no sorriso das constelações, lanço-me por completo em teus braços, mesmo sabendo que vou cair de cara no chão. Mas não importa, porque eu estou de corpo e alma batida e com o coração quebrantado esperando pelo teu corpo em meu ombro. Te digo: vem!, e você vira as costas como se eu nunca tivesse existido, como se minha voz soasse como a de um inseto asqueroso e nojento. Eu queria ser livre, mas estou preso na prisão que é o teu ser, como um escravo moribundo esperando pela morte. Porque eu morro! Morro setenta e quatro vezes todos os dias, em todos os momentos que eu clamo e você nega o meu choro. Engulo o vômito ácido que você faz meu organismo produzir e minha língua queima por não ter a sua frieza. Eu te amo, repito um milhão de vezes se necessário, mesmo você não se importando, mesmo você dizendo para eu me esquecer, mas eu não esqueço e penso em você vinte e cinco horas por dia. Você não me deseja, mas eu te quero inteira todos os dias da minha vida. E quem disse que eu não falei das flores está certo, porque as troquei pelo seu nome que é mais bonito de se ouvir. S'agapo.
- Filipe Ramalheiro | Anarquismos

Nenhum comentário:
Postar um comentário