Me doeu te ver seguindo a vida tão rápido enquanto eu fiquei parada tentando entender os porquês do fim. Logo eu, que sempre fui uma pessoa desapegada, me vi completamente magoada com a sua postura depois de nós. Em um primeiro momento, chorei pensando que o nosso relacionamento não tinha significado nada pra você. Depois, fui compreendendo que não importava como você reagiria ao término, o importante era que eu pudesse permanecer íntegra e leal a tudo o que sentia.
E eu não consegui me entregar a ninguém no começo. Então eu passei longos meses sozinha, construindo novamente um lugar seguro para viver. Foi complicado ficar sem companhia, sem alguém com quem celebrar as pequenas vitórias como não chorar ao ouvir teu nome, conseguir ir aos nossos lugares e ressignificá-los, conseguir me manter firme ao dizer "não quero, não vou, porque não quis".
Eu me questionei se não seria mais fácil com alguém ao meu lado. Se não seria melhor se eu falasse abertamente para todo mundo sobre como estava me sentindo; se não seria mais tranquilo se simplesmente ignorasse o buraco que você havia deixado e fingisse que não tinha perdido uma parte de mim. Se eu negligenciasse que estava com dor, quebrada, cansada de nadar.
Eu não queria nadar. eu queria receber o sol na pele e me curar. Eu queria observar as ondas quebrarem na orla, me ensinando sobre como é possível ser vulnerável e, ainda assim, continuar carregando beleza em si. Porque, mesmo na dor, é possível se manter forte e corajosa. Porque mesmo quebrada, ainda é possível brilhar sob a luz do sol.
Foi nesse espaço de tempo, no entanto, que percebi que nossos processos foram muito diferentes. Enquanto você queria se curar com outras pessoas, eu quis voltar pra mim e entender onde errei, em quais lugares eu permanecia intacta. Pude entender que nem sempre quem está lá na frente necessariamente se curou primeiro e, às vezes, estar atrás significa apenas que haverá mais paisagem a ser contemplada durante o percurso. Que, quando a gente olha para si, a probabilidade de nos curarmos é maior.
E deste lado do mar, posso te dizer: estou.
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