É um dia de sol, mas não um dia de praia. O sol é pouco para me levar tão longe, mas o bastante para ler na varanda. É sábado, mas não tenho planos, também não tenho alguém que eu queira enviar uma mensagem para saber dos planos. Não estou apaixonado, nem amando, nem querendo. O vento está sacudindo as cortinas, mas não está forte o bastante para virar as páginas do livro. Tenho que buscar o meu cachorro na creche (não encontrei outro nome, acho que é uma creche mesmo) às 17:00, e prometi que escreveria o dia todo. Sei agora que não vou escrever o dia todo, mas quando eu prometi ainda achei que seria possível. Pode ser que seja um sábado em que nada vai acontecer, ou posso dar uma chance para que algo aconteça, talvez uma cervejinha quando a lua der as caras. No fim, sou muito grato por esse dia sem graça, e me jogarei na cama pedindo, se possível, para que isso se repita. Como é bom não esperar nada da vida, desfazer das expectativas e deitar no meio da tarde como se tivesse dinheiro no bolso e um amor no pescoço.
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