Acordei

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Eu tocava o seu rosto com os dedos como um ator que interpretara um cego. Quando as minhas mãos reconheceram você, caminharam uma para cada lado para fazer um carinho que terminaria colocando os seus cabelos por trás das orelhas. Você sacudiu a cabeça para afastar as minhas mãos e cerrou os dentes, rindo de uma vergonha que não existia. Acordei. Busquei os chinelos com pés. Escovei os dentes. Coloquei água para ferver. E não daria mais nenhum passo na vida até sentir o cheiro do café. Com o passar do tempo, sonhar com você passou a ser mais um dos meus pequenos afazeres. Não me desagradava, nem mais nem menos, do que lavar uma louça, mesmo que a água que corresse pela torneira fosse quente.

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