Me Apaixonei

- 17:37 ❞


Andei por aí dizendo, que nunca mais me apaixonei, que a última vez foi há mais de dois anos, quando meu último amor me deixou.
Menti.
Ou melhor, omiti de mim e do mundo uma informação importante que só agora ficou clara:
Me apaixonei perdidamente por mim, por quem sou, por tudo aquilo que eu carrego no peito, por todas as marcas visíveis em minha pele, pelas cicatrizes que ninguém sabe que existem, mas estão nas linhas tortas da minha história.
Desde a última vez que fui par, aprendi, como nunca antes na vida, a ser singular.
Nas mais diversas possibilidades de tradução dessa palavra aprendi a ser sozinho, mesmo rodeado.
Quer dizer, tenho aprendido ou, pelo menos, tentado. Mas tentado de verdade, com unhas e dentes e algumas lágrimas que encharcam o meu travesseiro.
Andei dizendo por aí, também, que queria logo me apaixonar de novo, que queria muito namorar de novo. Que queria ser par de novo.
Eu acho que ainda quero, mas menos do que achava que queria.
É que eu via o amor como o maior tapa buracos que eu poderia encontrar. Tentei preencher com outro alguém um vazio que só pode ser entupido com mais de mim.
E, olha, eu tentei, viu?
Muito.
Tentei demais encontrar o alguém "ideal" e ele não estava nos corpos que toquei, nem nas bocas que beijei, nem nas palavras que ouvi e disse.
Não estava nos cafés, nos restaurantes, peças de teatro, shows, nos mais diversos encontros e desencontros que tive, exceto o meu comigo mesmo.
A vida é esperta demais e eu acho isso lindo nela, ela sempre me mostrava que ainda não era aquele alguém eu esperneava. Dizia que era, que tinha tudo pra ser, mas era carência, eera vontade de ter.
No fim, por dentro, lá no fundo, eu sabia que não era aquele alguém.
Neste segundo, a ficha caiu.
Nenhuma tentativa deu certo, porque não era pra ter dado.
Eu costumo me perder nisso de querer agradar, de ser o que o outro procura, nessas coisas de me doar demais e vou me deixando pra depois.
Um depois que nunca chega.
Agora, pela primeira vez em tempos, estou conseguindo me ter como prioridade.
Ainda estranho.
Ainda me sinto egoísta, mas aprendi que egoísmo, na dose certa, é remédio.
Estou me curando.
Estou me amando.
Depois aparece alguém.

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