![[13051.jpg]](https://i.ibb.co/BVsN8nJD/13051.jpg)
Queria aprender a descansar de mim mesma. Parar de ser essa presença que nunca silencia, que nunca sossega. Dentro da minha cabeça, sou uma conversa sem fim, um ruído contínuo. Eu me exijo tanto, cobro, argumento, reviro e canso. Queria, por um instante, me abandonar como quem larga um peso na calçada e vai embora sem olhar para trás. Descansar de mim seria como um mergulho no fundo do mar: um silêncio absoluto, uma ausência de palavras, um vazio que não dói. Talvez eu me encontre lá, no intervalo entre o que fui e o que finjo ser. Talvez, no descanso, eu descubra que não preciso de tanto esforço para existir. Mas quem me ensina? Quem me ensina a me despedir sem medo, a me deixar em paz? Eu carrego comigo mesma como uma mala pesada, cheia de coisas que nem lembro porque guardei. E se, ao descansar, eu acabar descobrindo que não sei ser outra coisa além de cansaço? Ah, se eu pudesse descansar de mim, talvez, enfim, eu pudesse me encontrar.
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